5 filmes italianos contemporâneos para treinar o idioma

Cinema é algo espetacular, mais ainda quando a gente consegue aprender com isso. Que tal treinar o seu italiano com 5 filmes atuais? Confira a lista abaixo, que promete deixar você com mais vontade de aprender italiano!
filmes italianos

O cinema é uma das maiores tradições culturais da Itália, país que lançou diretores internacionalmente reconhecidos e premiados como Federico Fellini, Vittorio De Sica, Michelangelo Antonioni, Giuseppe Tornatore, Roberto Rossellini, Pier Paolo Pasolini, entre muitos outros. Todos eles contribuíram de forma significativa para mostrar ao mundo a versatilidade cultural da Itália através das telas, por isso, escolher 5 filmes italianos para indicar não é uma tarefa fácil. São muitos os  gêneros e diretores disponíveis, com seus estilos peculiares e relevantes para a história do cinema mundial.

Nesta lista, no entanto, resolvi selecionar filmes que tocam em temas recentes como as mídias sociais e o uso do celular nas relações, o desespero causado pelo desemprego em decorrência de crises econômicas e temas tabu como doenças mentais e a chegada da terceira idade. Todos estes tópicos irão trazer um vocabulário bem atual, além de tornar o aprendizado do idioma italiano uma atividade prazerosa através da cinematografia, com muita informação regada a pipoca.  

Perfetti sconosciuti, 2016

O longa-metragem conta a história de sete amigos que se reúnem para jantar na casa de um dos casais, formado pelo médico Rocco (Marco Giallini) e a terapeuta Eva (Kasia Smutniak). Antes de servir a comida, eles decidem fazer uma brincadeira: deixar os telefones em cima da mesa, para que todos possam ver as mensagens que eles recebem e, assim, provar que não existem segredos entre eles. O nome do filme, que pode ser traduzido como Perfeitos desconhecidos, revela um pouco do que está por vir ao longo das cenas, rodadas em um belo apartamento da classe média alta italiana. Lançado em 2016, o longa toca na questão extremamente atual do abuso do uso do celular, que é descrito como a nova caixa preta, ou la scatola nera, por um dos personagens, e por isso traz um vocabulário contemporâneo e relevante para o contexto atual, repleto de expressões voltadas para o tema da mentira e do jogo. Antes de assistir, estude verbos como litigare, que significa brigar, sbagliare, errar ou se enganar, fidare ou confiar para compreender melhor o filme. Além disso, expressões como non avere niente da spiegare, ou não ter nada para explicar, non ci posso credere, ou não posso acreditar também são comuns. Durante o longa, os personagens brincam que aquele jogo se trata do Il gioco della verità, que poderia ser traduzido para o famoso verdade ou desafio em português.

La Pazza Gioia, 2016

A maior parte do filme se passa na Villa Biondi, em una casa di cura, ou clínica que recebe pacientes que sofrem de doenças mentais na bela região da Toscana. As duas personagens principais, Beatrice e Donatella, parecem destinadas a se encontrar nesta aventura em busca de aceitação e liberdade. O filme dirigido por Paolo Virzì, em 2016, mostra paisagens belíssimas da região do norte da Itália e toca em um assunto tabu: saúde mental. Beatrice é interpretada por Valeria Bruni Tedeschi, e um dos seus desafios durante a internação, de acordo com uma das enfermeiras, é tollerare le differenze, ou tolerar as diferenças entre os diversos pacientes. Já Donatella, interpretada pela atriz Micaela Ramazzotti, possui uma dinamica complicata con la famiglia, ou uma dinâmica complicada com a família, o que é um dos motivos e também uma das consequências de sua internação. As duas aproveitam a primeira oportunidade para escapar da clínica e ir atrás de assuntos não resolvidos. Quando descobrem que possuem mais do que pensavam em comum, as duas si mettono nei casini, ou se metem em encrenca e I due hanno passato una notte spaventosa, ou passaram uma noite assustadora, mas que no final das contas descobrem ter sido la pazza gioia, que pode ser traduzida neste contexto como uma loucura, expressão que dá nome à trama. Cheio de aventuras, encrencas e desventuras, é um dos filmes italianos que mais humaniza os pacientes de hospitais psiquiátricos, além de provocar eventuais risadas.

Smetto quando voglio, 2014

Sete professores universitários encontram uma forma pouco habitual para ganhar dinheiro em uma época de grande desemprego na Itália. Juntos, eles somam as suas habilidades únicas, conseguidas com anos de pesquisas em diversas áreas como química, economia e antropologia para criar una banda, ou gangue, aproveitar uma falha na legislação e inventar uma droga que começa a fazer muito sucesso na cidade. O longa lançado no Brasil com o nome de Paro quando quero é dirigido por Sydney Sibilia e traz como personagem principal o ator Edoardo Leo, que interpreta Pietro Zinni. O neurobiólogo que acaba de perder o seu emprego e tem a brilhante ideia que sustenta o enredo do filme. Os diálogos são rápidos, e o filme traz uma boa oportunidade de aprender um vocabulário do dia a dia, além de palavras sobre os mais diversos estilos de crimes. Na primeira cena do filme, por exemplo, ele menciona alguns deles, como produzione e spaccio di droga, ou produção e tráfico de drogas, rapina a mano armata ou assalto a mão armada, sequestro di persona ou seqüestro e tentato omicidio ou tentativa de homicídio.

La Grande Bellezza, 2013

De todos os filmes italianos da lista, este provavelmente é o mais conhecido, já que foi premiado com o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2014. Assistir ao longa de Paolo Sorrentino é como mergulhar na Itália de Federico Fellini e suas películas, que podem soar levemente surrealistas, mas que retratam como ninguém o cotidiano da Itália entre as décadas de 1940 e 1970. Muitos críticos, inclusive, consideraram esta obra como uma versão contemporânea de La Dolce Vitta, talvez a mais aclamada e conhecida obra cinematográfica de Fellini, lançada em 1960. La Grande Bellezza se passa em Roma e o personagem principal é interpretado por Toni Servillo, um dos atores italianos mais prestigiados da atualidade. Nas telas, ele é Jep Gambardella, um escritor que completa 65 anos e começa a repensar a sua vida, seus sucessos e fracassos. As cenas da cidade eterna são lindas, como o título diz, cheias de grande beleza, e além disso o filme toca na questão da chegada da terceira idade, o que traz uma certa diversidade nos assuntos abordados nos outros filmes desta lista. Então, se você ainda não assistiu a esta obra cinematográfica, reserve tempo para rir, chorar e descobrir o retrato de uma elite decadente na Itália recente. Uma das passagens mais bonitas, e que resume um pouco a essência do filme, é: La più consistente scoperta che ho fatto pochi giorni dopo aver compiuto sessantacinque anni è che non posso più perdere tempo a fare cose che non mi va di fare, onde o personagem Jep reflete sobre a chegada dos seus 65 anos. Em tradução livre: “a descoberta mais consistente que fiz alguns dias depois de completar 65 anos é que não consigo mais perder tempo fazendo coisas que não quero fazer”.

Io e Te, 2012

Conhecido por filmes italianos internacionalmente premiados além de outros como Os sonhadores (2003) e O último tango em Paris (1972), o diretor italiano Bernardo Bertolucci não poderia ficar de fora desta lista. O drama intimista Io e Te, ou Eu e você, conta a história de dois irmãos que se reencontram no porão de casa quando o tímido Lorenzo, interpretado por Jacopo Olmo, decide não ir a um passeio da escola e se esconde por lá. Sua meia-irmã, a belíssima Olivia, interpretada por Tea Falco, o encontra no local, e os dois começam uma jornada de autoconhecimento. Assim como em Os sonhadores, o filme toca nos conflitos e descobertas da adolescência, este período perturbado e apaixonante da vida. Por isso, impossível não se lembrar de momentos da própria adolescência ao assistir ao longa. Além do filme apresentar um tema denso, a trilha sonora é incrível, e uma das músicas principais, Ragazzo Solo, Ragazza Sola é de ninguém menos que David Bowie cantando italiano, em uma versão linda de um de seus clássicos, “Space Oddity. Confesso que o refrão “Dimmi ragazzo solo dove vai/ Perché tanto dolore?/Hai perduto senza dubbio un grande amore/ Ma di amori è tutta piena la città” ficou um tempo na minha cabeça, e até hoje quando escuto a música ela me transporta imediatamente para aquele porão do filme, onde quase toda a história se passa. Em tradução livre: “Diga-me, rapaz, apenas aonde você vai/ Por que tanta dor? / Você, sem dúvida, perdeu um grande amor / Mas de amor a cidade está cheia“, passagem que diz muito sobre a essência do filme.

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