Clube do livro: contos macabros de Edgar Allan Poe

Edgar Allan Poe foi o precursor das narrativas de mistério. O que você pode aprender com as técnicas de suspense do mestre do terror?
contos macabros
Imagem por Elti Meshau via Unsplash

“Do lado de fora do castelo fortificado do príncipe Próspero estava um país devastado pela terrível “Morte Rubra”. Os infectados pela “doença” sentiam dores agudas, súbitas vertigens e uma “profusa sangueira pelos poros”, seguida pela decomposição. Espalhavam-se pelos corpos manchas vermelhas, em especial no rosto. Em meia hora, vinha a morte. 

Para fugir da misteriosa enfermidade, o príncipe isolou-se em sua abadia acompanhado de algumas centenas de amigos nobres e saudáveis. No “edifício vasto e magnífico”, todos se esbaldaram em celebrações durante meses, enquanto o povo morria. Eles achavam que estavam protegidos do exterior. Uma festa de máscaras os provou errados.” 

Essa é a premissa de “A máscara da Morte Rubra” (The Masque of the Red Death, título em inglês), um dos contos macabros mais famosos de Edgar Allan Poe. Com seus complexos poemas e histórias sinistras, o escritor nascido em Boston, em 9 de janeiro de 1809, tornou-se um dos precursores de diversos campos da literatura: histórias investigativas modernas, ficção científica e terror psicológico.

Além de ter sido um dos mais influentes escritores do século 19, Poe também foi um dos poucos autores a tentar viver somente de seus escritos (a história mostra, contudo, que essa não foi uma tarefa das mais simples). Com o seu conceito de raciocínio dedutivo, ele também serviu de inspiração até para Sir Arthur Conan Doyle, o criador do detetive Sherlock Holmes.

De contos macabros a romances, um autor versátil

Edgar Allan Poe criou contos, poemas, romances, um livro sobre teoria científica e inúmeras resenhas de livros e ensaios. Mas foi no cargo de editor na revista Southern Literary Messenger que se consolidou como escritor e crítico literário. Seus textos originais e resenhas cruéis (algumas insultavam autores e obras) tornaram a revista bem popular.

Suas poesias eram sobre temas como a tristeza, o estranho e a perda. Nelas, Poe experimenta elementos como combinações de som e ritmo, repetição, paralelismo e rimas. Tudo isso para atingir um resultado literário inovador e musical.

O que você pode aprender com Edgar Allan Poe?

Em primeiro lugar, concisão. A obra de Poe transborda intensidade psicológica e cada palavra de seus eletrizantes contos parece escolhida a dedo para construir tensão.

Para entender melhor essa estrutura, é preciso ler os contos do mestre do terror! The Masque of the Red Death (confira aqui ), por exemplo, mantém um clima de inquietação em menos de 2,4 mil palavras. Neste poema, para criar suspense e inserir elementos sobrenaturais na narrativa, o autor usa um objeto que sempre despertou calafrios em muita gente devido à sua “vida” mecânica. O objetivo é atingido com a descrição do efeito macabro do soar agudo de um enorme relógio de pêndulo sob os convidados de uma festa, a ponto de interromper os músicos e dançarinos, deixando-os desconcertados e rindo nervosamente.

As histórias de Poe também são uma excelente fonte de palavras mais complexas. Em geral, sua obra não é difícil de entender, embora seja necessária atenção na leitura. Essa estrofe de The Raven traz palavras pouco usuais, na tradução de Milton Amado:

Open here I flung the shutter, when, with many a flirt and flutter / Abro a janela e eis que, em tumulto, a esvoaçar, penetra um vulto

In there stepped a stately Raven of the saintly days of yore; / É um Corvo hierático e soberbo, egresso de eras ancestrais

Not the least obeisance made he; not a minute stopped or stayed he; / Como um fidalgo passa, augusto e, sem notar sequer meu susto,

But, with mien of lord or lady, perched above my chamber door- / Adeja e pousa sobre o busto, uma escultura de Minerva,

Perched upon a bust of Pallas just above my chamber door- /em sobre a porta; e se conserva ali, no busto de Minerva,

Perched, and sat, and nothing more / Empoleirado e nada mais.

Poe tinha um extenso vocabulário de palavras sinistras, depressivas ou simplesmente arcaicas para figurar os seus contos macabros. Listamos abaixo algumas delas. Quem sabe você encontre uma oportunidade ideal para utilizá-las! 

  • abyss: um abismo profundo ou aparentemente sem fundo.
  • aghast: horrorizado.
  • crypt: cripta, uma sala subterrânea de uma igreja onde corpos são enterrados.
  • decrepitude: decrépito. 
  • demoniacal: demoníaco, diabólico. 
  • desolate: deserto, desolado. 
  • dirge: nênia, ou canto fúnebre.
  • enshrouded: encobrir algo para que não seja visto. 
  • fitful: agitado, irregular, intermitente.
  • ghastly: horripilante, horroroso. 
  • hideous: horrendo, hediondo.
  • nepenthe (palavra do grego antigo): uma droga que eliminaria o pesar ou problemas da mente humana.
  • quaff: emborcar, engolir.
  • quiver: estremecer.
  • sullen: emburrado, bravo.
  • writhe: contorcer-se. 

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