Quanto custa morar em Berlim? Quanto é um aluguel? Compras no mercado?

Muitas pessoas falam que Berlim é barata… mas é mesmo? Fizemos aqui um guia de gastos e algumas dicas para você não cair em nenhum truque na capital alemã.
berlim

“Berlim é barata” — Está bem, mas barata em comparação com o quê? Londres? São Paulo? Bangkok?

Para você que está pensando em viajar ou — acima de tudo — se mudar para Berlim, aqui vai a primeira parte de um guia simples dos preços da cidade.

Não dá pra cobrir todos os itens e todos os gostos, mas vou aqui tentar captar alguns valores básicos que todo mundo vai encontrar. Mais como uma base de comparação e, com sorte e astúcia, prevenir você de superpreços que geralmente turistas ou pessoas novatas na cidade acabam pagando.

Nessa primeira parte, vamos focar nos custos mais inevitáveis: compras de supermercado e aluguel. Na segunda parte, vamos tratar de transporte, lazer e estudos (incluindo cursos de alemão).

Claro, os preços podem mudar então levem em conta que esses valores foram captados em julho de 2018. Mas assim mesmo, eles podem apresentar uma base que vai durar por pelo menos um ano.

Supermercados

Vale explorar uma questão cultural com os tipos de supermercado em Berlim. Basicamente, eles estão divididos em três: os supermercados gerais, os supermercados de desconto e os supermercados orgânicos.

Os orgânicos ou como chamam aqui na Alemanha “bio”, são de longe os mais caros — mas também os que mais vão se preocupar com a qualidade e principalmente com a origem de seus produtos. Talvez você não vá encontrar o seu vinho preferido por ali, mas um Riesling (uva branca característica da Alemanha) produzido localmente sem agrotóxicos.

Já os mercados de desconto são de longe os mais baratos, mas em compensação muitos produtos (principalmente legumes) só são vendidos em grandes quantidades. Se você está pensando em fazer uma compra do mês, provavelmente esse é o lugar para você.

Por fim, os supermercados gerais ficam no meio de espectro. Nunca serão os mais baratos e nem os mais caros, além de terem tanto marcas orgânicas e regionais como marcas mais populares. Abaixo fiz uma lista com alguns produtos: 

Arroz basicão: 0,80€ (pacote 1kg)

Arroz basmati (tipo indiano): 5,00€ (pacote 1kg)

Batata: 2,00€ (kg)

Batata orgânica: 3,30€ (kg)

Tomate: 1,00€ (kg)

Tomate orgânico: 1,60€ (kg)

Pão francês (ou o mais parecido que eu encontrei do que existe no Brasil): 0,14€ (unidade)

Pão de forma: 0,50—1,30€ (pacote 500g)

Presunto: 2,00—5,00€ (100g)

Queijo: 1,20—3,50€ (100g)

Cerveja bem barata (Sterni): 0,50€ (garrafa 500ml)

Cerveja basicona (Augustiner): 0,90€ (garrafa 500ml)

Cerveja premium (BRLO): 2,30 (garrafa 330ml)

Vinho baratinho, mas bom (uva primitivo): 3,00€ (garrafa 750ml)

Vinho mais chique, mas ainda de mercado (uva châteauneuf du pape): 14,00€ (garrafa 750ml)

Água mineral: 0,30—0,70€ (garrafa 2l)

Coca-Cola: 1,30€ (garrafa 2l)

Chá orgânico premium: 3,60€ (pacote 35g)

Chá normal (também bom, poxa): 2,00€ (pacote 35g)

Detergente: 0,40—2,50€ (embalagem 750ml)

Papel higiênico: 2,80—3,50€ (10 rolos)

Sabonete: 0,50€ (barra 100g)

Xampoo: 1,30—3,50€ (embalagem 500ml)

Aluguel

Muita gente que mora em Berlim mora nas chamadas WGs — abreviação de Wohngemeinschaft, que não passa de um apartamento compartilhado. Cada um com seu quarto, mas áreas como cozinha e banheiros são compartilhadas.

Pode parecer um tipo de acomodação para estudantes (e com certeza a maioria dos estudantes acaba morando nessas WG’s), mas é muito mais do que isso. Nas minhas andanças pela cidade, conheci donos de start-ups bem-sucedidas, professores no fim da carreira, aposentados do exército e várias pessoas que não precisam financeiramente dividir o apartamento com ninguém, mas dividem mesmo assim. Não é uma questão monetária, mas sim cultural. Muitas pessoas preferem viver nas WG’s com as possibilidades sociais que elas oferecem.

É importante também citar uma dificuldade: existe bastante oferta de apartamentos e WGs na cidade, mas a procura é tão, mas tão maior, que achar um bom apartamento é uma verdadeira epopéia. Histórias reais de anúncios indo ao ar e recebendo mais de 200 e-mails em 10 minutos mostram que para quem oferece, a coisa também é complicada. Sem falar nos diversos golpes que são aplicados a quem acabou de chegar na cidade (nunca deposite nenhum dinheiro antes de visitar o seu futuro apartamento e assinar um contrato — sem exceções).

De qualquer forma, os preços ainda são bem mais baratos que outras grandes capitais européias, chegando à metade do valor de cidades caras como Paris ou Londres.

Não bastasse todo o desafio de ser escolhido por um locador, muitos desses apartamentos também vão pedir documentos financeiros específicos e nem sempre fáceis de obter como o Schufa — Schutzgemeinschaft für allgemeine Kreditsicherung, uma certidão de “bom pagador”, emitida por um órgão alemão que seria o equivalente ao Serasa ou SPC no Brasil.

Eu estou avisando: é uma luta conseguir um apartamento.

WG, quarto entre 13-20m², nos bairros…

Kreuzberg: 400-550€

Neukölln ou Schöneberg: 300-450€

Pankow: 250-400€

Apartamento individual, espaço total entre 35-45m², nos bairros…

Kreuzberg: 600-800€

Neukölln ou Schöneberg: 500-750€

Pankow: 400-650€

Apartamento com 3 quartos, espaço total entre 80-100m², nos bairros…

Kreuzberg: 950-1600€

Neukölln ou Schöneberg: 850-1400€

Pankow: 850-1200€

Afinal, é barato?

É mais barato que outras grandes capitais e mesmo outras grandes cidades alemãs, como Frankfurt ou Munique. Ainda assim, é uma grande capital com oportunidades culturais, artísticas e de negócios borbulhando por todo o lado.

Dependendo das suas intenções, a cidade fica mais cara ou mais barata. Um artista plástico vai encontrar um terreno mais fértil que um escritor em Berlim, por exemplo. Uma nova start-up no setor de óleo e gás vai encontrar menos estímulos que uma no setor financeiro. De qualquer forma, Berlim é um destino interessante e cheio de oportunidades — especialmente se você estiver cogitando aprender alemão.

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