Nós estamos na estrada já há seis meses e, embora eu não seja capaz de ler um jornal local sem um dicionário, eu finalmente adquiri confiança para falar. Eu já consigo ficar no centro das atenções e, mais importante, estou cada vez melhor quando o assunto é relaxar ao falar com estranhos. Como resultado, eu posso ouvir as pessoas mais atentamente (em vez de me preocupar apenas em formar minhas frases corretamente).
As pessoas que conhecemos em nossa jornada são curiosas, abertas, amigáveis e adoram falar. Tanto que, na verdade, eles com frequência parecem não se importar se eu entendo eles ou não.
Às vezes parece que eles apenas gostam de ter uma plateia e se deixam levar em monólogos extensos. Isso é ótimo porque me desafia a realmente ouvir o que eles têm a dizer e a me concentrar em acompanhar o máximo que eu posso. Uma coisa é você aprender o seu vocabulário e praticar só, outra é você ouvir como os falantes nativos usam as palavras para dizer as coisas corretamente. Isso não vale só para a pronúncia, mas entonação também, pois todo idioma tem sua própria melodia.
Claro que, pode ser difícil entender alguém que está falando rapidamente o idioma que você ainda está aprendendo. Mas eu acho, mesmo que eu consiga entender apenas uma em cada cinco palavras, eu posso geralmente compreender o contexto do que eles estão me dizendo e responder de acordo. Para ficar presente no momento, eu geralmente tenho que sacrificar coisas como conjugação ou tempos verbais corretos. Quando eu falo espanhol sozinha, eu consigo falar essas coisas corretamente, mas em uma conversa normal eu nem sou sempre tão rápida – ainda!
Eu agora me dou conta de que é mais importante reagir intuitivamente do que gastar muito tempo pensando. Meus erros não são realmente um obstáculo e as pessoas parecem poder preencher as lacunas da conversa. Eu acho que para elas também é importante entender o contexto! As pessoas aqui parecem não se importar se o meu espanhol é fluente ou não. Elas ouvem o que eu digo e não como eu digo.
Na nossa experiência aqui, as pessoas dos Andes são genuinamente sem julgamento. Nós chegamos de bicicleta nessas cidadezinhas pequenas, sujos da estrada, vindo de uma cultura completamente diferente e com um espanhol mal falado. Nós poderíamos esperar um choque de culturas, mas não foi assim. A maneira relaxada como eles lidam com a situação realmente nos impressionou, e isso faz com que a comunicação seja muito mais fácil e divertida!