Todo país tem uma tradição rica e extensa em evocar ameaças sobrenaturais para manter as crianças na linha. Pode ser que os pais utilizem isso como último recurso, mas quando não se consegue fazer com que as crianças se comportem bem, há sempre um monstro assustador que dá conta do recado.
Ele tem muitos nomes e pode apresentar diferentes formas (e até mesmo sexos), mas todas as culturas do mundo o conhecem: um ser sombrio, elusivo, entidade diabólica que tem uma dieta rigorosa: crianças
malcriadas. Ele pode ser a encarnação do mal, mas também tem uma ligação com pais desesperados que não conseguem colocar seus filhos na cama na hora certa. Nós o conhecemos como bicho-papão, mas ao redor do mundo cada uma das diferentes culturas tem um nome diferente para esta criatura que faz ruídos misteriosos à noite.
Em um ponto os pais ao redor do mundo concordam: o medo é uma tática excelente.
Boogeyman
Inglaterra
conhecido como: Bogeyman, Bogieman, Boogie Man, Bogy, Bugbear
outros paradeiros conhecidos: países de língua inglesa
Similar ao bicho-papão no folclore brasileiro, Boogeyman é um fantasma sombrio e amorfo, que se esconde em lugares obscuros para assustar vítimas inocentes. Ele é mais um incômodo do que um perigo, e o seu poder é facilmente neutralizado pelo brilho da luz. O seu nome tem origem na Idade Média, onde a palavra “bugge” significa “algo assustador”.
Bokkenrijders
Holanda
outros paradeiros conhecidos: Bélgica e Alemanha
Os “cavaleiros de bode” são os equivalentes holandeses ao nosso bicho-papão: ladrões fantasmagóricos que são acompanhados dos seus bodes voadores. Foram lendas criadas por
bandos de ladrões no século XVIII para intimidar e aterrorizar comunidades de fazendeiros locais.
Butzemann
Alemanha
conhecido como: Bütze, Buhmann, Mummelmann, Popelmann
outros paradeiros conhecidos: Holanda e Escandinávia
Um duende sem rosto ou um fantasma envolto em um capa. Ele se esconde em cantos sombrios, em baixo da cama ou dentro do armário e ataca crianças que não vão dormir na hora certa. O seu nome tem origem na Idade Média, da palavra alemã bôtzen (fazer bagunça) ou verbutzen (disfarçar ou dissimular).
Homem do Saco
Espanha
conhecido como: Hombre del Saco, Hombre del Costal, El Roba-chicos, Sack Man
outros paradeiros conhecidos: países do sul da Europa e América Latina
Na Espanha, o bicho-papão que coloca o terror nas crianças se caracteriza por um homem feio e esquelético que sequestra crianças bagunceiras em plena luz do dia e as carrega dentro de um saco. Dependendo
das variações regionais, ele as vende ou as devora. Em algumas culturas uma figura parecida com a do Homem do Saco trabalha como
o ajudante malvado do Papai Noel.
Baba Yaga
Rússia
conhecido como: Baba Roga, Złota Baba, Ježibaba, gorska maika
Outros paradeiros conhecidos: países eslavos
Uma bruxa com conexões profundas e poderosas com a floresta. Ela mora numa cabana que tem pernas de galinha gigantes, se locomove em um almofariz voador e carrega um pilão gigante. Dependendo do grau de pureza ou bondade da pessoa, pode devorá-la ou ajudá-la.
“Baba” (Баба) significa “mulher” e “yaga” pode derivar da palavra pré-eslava serpente. Soa também parecido com as palavras polonesa “jędza” (bruxa), servo-croata “jeza” (horror) e eslavo-eclesiástica “jęza” (doença).
H’awouahoua
Algéria
Na algéria o bicho-papão é um monstro com o corpo composto de partes de diferentes animais, olhos com bolhas de baba flamejante e uma capa feita com as roupas de crianças por ele devoradas.
Tokoloshe
África do Sul
Seres aquáticos que cumprem ordens de bruxos malvados. Podem se tornar invisíveis ao beber água e causam todos os tipos de transtornos. Você pode se proteger deles, quando estiver dormindo, se colocar um tijolo em baixo de cada perna da sua cama. Mas, somente um feiticeiro poderá ajudá-lo a livrar-se para sempre deles.
Gurumapa
Nepal
Um gigante com garras enormes que come gente. Apesar dele achar delicioso o gosto de crianças é possível convencê-lo a não devorá-las. Hoje em dia ele desfruta de um banquete anual em troca de não devorar as crianças locais.
Wewe Gombel
Indonésia
O espírito vingativo de uma mulher cujo coração despedaçado a levou a cometer suicídio. Diferente dos outros tipos de bicho-papão, ela sequestra as crianças para protegê-las de pais malvados. Ela toma conta delas, com muito carinho, no seu ninho localizado no alto de uma palmeira e se recusa a devolvê-las até que os pais se arrependam de seu comportamento negligente e abusivo.
Namahage
Península Oga, Japão
Estes ogros vão de porta em porta no Réveillon à procura de crianças que não se comportaram durante o ano. Eles ficam muito felizes em tirar o peso dos ombros de pais, cujas crianças são preguiçosas, malcriadas ou que choram muito. O nome deles vem do famoso refrão – なもみコ剝げたかよ “Namomi ko hagetaka yo?” (“As bolhas já curaram?”) – que, supostamente insulta pessoas que ficam sentadas o dia inteiro preguiçosamente à lareira.
The Jersey Devil
Nova Jersey, EUA
conhecido como: The Leeds Devil
No folclore americano, o equivalente ao nosso bicho-papão é Uma criatura parecida com um dragão, constituída de uma mistura estranha de
diferentes partes de animais e que possui um berro horrorizante. De acordo com a lenda
a criatura foi o 13o. filho de uma mulher terrivelmente azarada, chamada de “”Mãe Leeds”” no ano de 1735.
Desde então ela aterroriza aqueles que são tolos o suficiente para se aventurarem nos bosques de pinheiros à noite.
La Llorona
México
Ela afogou os seus filhos para poder ficar com um homem que, no final, a desprezou. Abandonada, acabou por se afogar. Porém, foi impedida de entrar no céu até que ela encontre os seus filhos. À noite, ela perambula pelas margens dos rios a procurá-los, chorando e gritando: “¡Ay mis hijos!” (“Ai, meus filhos!”), pegando qualquer criança que ela considere parecida com as suas. O seu nome é derivado do verbo espanhol “llorar” (chorar). Assim como a Banshee irlandesa, escutar o seu choro é considerado um presságio de morte.
Tata Duende
Belize
Um pequeno duende barbado, sem os polegares e com os pés voltados para trás, considerado como protetor da Flora e Fauna. Os pais advertem os seus filhos que o Duende Pai (tradução literal) irá levá-los, caso estes fiquem até tarde na rua ou entrem na floresta à noite. A parte dos pés voltados para trás e a da proteção à natureza lembra muito a descrição do brasileiro Curupira.
Mètminwi
Haití
Um homem com pernas incrivelmente longas que anda pelas cidades à meia noite para pegar e devorar qualquer um estiver pelas ruas. O seu nome é uma abreviação da palavra francesa “”maître”” (mestre) and “”minuit”” (meia-noite).
Cuca
Brasil
conhecido como: Coca, Cucuy
Além do bicho papão, uma outra criação do folclore brasileiro se disseminou sob a forma de uma canção infantil brasileira bem conhecida adverte as crianças a irem dormir. Caso contrário, a Cuca, uma mulher-jacaré, irá pegá-las. Ela é uma variação da portuguesa “Coca”.
Traduzido por: Pedro Werneck