Quantos idiomas existem no planeta?

Quão rica é a variedade de idiomas ao redor do mundo? Por que algumas línguas desaparecem, enquanto outras ganham mais importância ao longo do tempo? Como podemos evitar que idiomas sejam extintos?
Quantas línguas existem no mundo?

“Já consigo pedir café em sete idiomas diferentes!” Uma frase assim nos soa bastante impressionante, não é mesmo? No entanto, se alguém dissesse que é capaz de pedir café em 0,1% dos idiomas que existem no planeta, provavelmente nossa reação não seria a mesma. Se você nunca parou para se perguntar quantos idiomas existem, talvez a resposta lhe cause uma grande surpresa. Sim, sete idiomas correspondem a 0,1% do total de línguas que existem no planeta!

Distribuição Global e Curiosidades sobre os Idiomas ao Redor do Mundo

Difícil acreditar, não? Eu também fiquei de queixo caído! Tanto que comecei a perguntar a pessoas conhecidas quantos idiomas elas acham que existem hoje em dia no nosso planeta. As respostas que ouvi foram as mais diferentes — e todas estavam bem longe no número correto. Teve quem disse 90. Teve quem disse 200, ou mais!

Quando eu revelava a resposta, todo mundo passava a me olhar com desconfiança. Segundo a publicação Ethnologue, cerca de 7.111 idiomas são falados hoje em dia ao redor do planeta. Esse número, porém, muda constantemente — e não inclui os chamados dialetos.

Apesar de trabalhar com idiomas e de estar ciente de sua diversidade, confesso que ainda acho difícil imaginar toda essa quantidade de línguas sendo faladas. Se quase 1 bilhão de pessoas falam mandarim, meio bilhão fala espanhol e tantos outros milhões falam inglês, francês, português, alemão… como podem “sobrar” tantas outras línguas?

De mosaicos a pequenas pérolas linguísticas

Quando o assunto é idiomas, a Indonésia é um verdadeiro achado. Os 267 milhões de habitantes desse país asiático estão espalhados por mais de 17.500 ilhas. Essa peculiar geografia contribuiu para a variedade linguística observada na Indonésia até os dias de hoje. Afinal, durante séculos os habitantes daqueles territórios não tiveram contato uns com os outros. Situação similar podia ser observada na América do Sul antes da chegada dos colonizadores portugueses e espanhóis, que dividiram entre si as terras do continente recém-conquistado e introduziram seus idiomas aos povos nativos. Voltando à Indonésia, atualmente são mais de 700 os idiomas falados por lá.

No entanto, o país em que se fala o maior número de idiomas no mundo é a Papua-Nova Guiné, com mais de 800 idiomas. Isso corresponde a mais do que o dobro da quantidade de línguas faladas em todos os países do continente europeu.

E onde estarão escondidos os outros idiomas que completam os 7.000? Muitas dessas línguas menos conhecidas (algumas das quais com séculos de existência) são mantidas vivas por alguns poucos falantes. Aqui podemos citar alguns exemplos: um deles é o tuarepangue, idioma ameríndio caribenho falado por cerca de 24.000 pessoas, paralelamente ao espanhol e ao português, em partes da Venezuela, do Brasil e da Guiana. Outro é o idioma chucoto, língua siberiana antiga ainda falada no nordeste da Rússia por pouco mais de 5.000 nativos. Mais um exemplo seria o ainu, idioma de um grupo étnico originário do norte do Japão, falado hoje em dia por apenas 10 pessoas nativas.

Tais exemplos deixam claro que a maioria dessas línguas desaparecerá ao longo dos próximos séculos. A expectativa, aliás, é de que cerca de metade das línguas ainda faladas no mundo hoje entre em extinção até o final deste século. Estima-se que os idiomas estejam desaparecendo a uma velocidade de um idioma a cada 14 dias. Mas será que isso é mesmo inevitável? Ou existe alguma coisa que podemos fazer para evitar essa anunciada extinção?

Os idiomas das minorias vão desaparecer?

Apesar de simples, a resposta a essa questão não é nada direta: sim e não. Cerca de 40% dos idiomas falados no planeta hoje em dia estão ameaçados de extinção. Muitos desses idiomas seguem vivos graças a grupos de menos de 1.000 falantes. Em números absolutos, isso equivale a 2.895 idiomas que podem desaparecer a qualquer momento.

Estar ciente de tal situação já é uma ajuda e tanto… Muitos países, como é o caso da Espanha e da França, têm desenvolvido projetos bem-sucedidos para preservar e, em certa medida, reavivar idiomas e e dialetos locais. No entanto, graças à dinâmica do mundo de hoje, alguns idiomas são muito mais proeminentes e recebem muito mais suporte institucional que outros. Como consequência, eles se tornam cada vez mais essenciais para satisfazer nossas necessidades básicas de sobrevivência.

Sempre que um governo estabelece seus sistemas de educação e saúde, uma língua será automaticamente utilizada como idioma oficial. Nesse sentido, é absolutamente essencial que falantes de tuarepangue na Venezuela também dominem o espanhol. Da mesma forma, os descendentes do povo ainu precisaram japonês para ter melhor acesso à educação e, consequentemente, a uma vida melhor.

Devido a preconceito e estigmatização, algumas línguas desaparecem mais rapidamente do que outras. O próprio ainu, por exemplo, foi por muito tempo considerado um idioma inferior. Por esse motivo, seus falantes no Japão eram frequentemente excluídos da sociedade. Em casos assim, os grupos populacionais podem decidir abandonar seu próprio idioma, ensinando a seus filhos apenas língua maioritária, como forma de garantir sua integração social. Ao longo da história foram muitos os exemplos de genocídio e assimilação forçada que colocaram os falantes de línguas minoritárias em circunstâncias muito opressivas.

Língua e identidade

Mesmo naqueles casos em que uma língua local não seja considerada inferior, a triste realidade é que a globalização e o aumento da mobilidade humana estão contribuindo para o desaparecimento de muitos idiomas, em um processo semelhante ao das mudanças climáticas.

Tomemos como exemplo um falante de tuarepangue que também fale espanhol e uma falante de chucoto que também fale russo. Se em algum momento esses sujeitos se encontrarem e decidirem formar uma família, a probabilidade de que seus descendentes sejam educados nos quatro idiomas é baixíssima. Dependendo do lugar de onde a família vier a se estabelecer e de como os pais se comunicarem entre si, o mais provável é que as crianças aprendam espanhol e russo (ou apenas um desses dois idiomas) como língua materna. É possível também que elas não aprendam nem espanhol nem russo, mas sim inglês, língua franca habitual em ambientes de trabalho internacionais e casais interculturais.

Além do mais, manter um idioma vivo também é uma questão financeira para certas nações. Nem todos os países podem se dar ao luxo de manter todo um aparelho público e meios de comunicação de massa em duas ou mais línguas. Basta pensar em todos os cartazes, formulários, requerimentos, leis, jornais, canais de televisão… Essas coisas teriam que estar disponíveis em vários idiomas, os funcionários públicos precisariam ter um amplo conhecimento das outras línguas. Tudo isso tem um custo!

Quantos idiomas já foram extintos?

É impossível saber exatamente quantos idiomas seguiram o caminho dos dinossauros desde o surgimento da linguagem. Não se trata aqui apenas de um caso de registro falho de dados ou de uma pesquisa de campo incompleta. O problema é que muitos dos idiomas surgidos de tradições orais nunca chegaram a ser escritos. E muitos daqueles que foram escritos não se valeram de materiais capazes de resistir ao tempo.

No entanto, para aquelas pessoas que não conseguem prescindir de números, podemos dizer que um banco de dados acadêmico lista atualmente 573 línguas extintas.

Tentativas de salvação bem-sucedidas

Um grande exemplo de como preservar um idioma pode ser encontrado no sul da França. Na cidade de Toulouse, capital da região da Occitânia, o sistema de metrô foi configurado em dois idiomas: todas as estações são anunciadas em francês e, depois, em occitano, língua românica com cerca de 100.000 falantes nativos. De modo geral, o idioma occitano não soa tão diferente do francês — algo talvez como uma mistura de francês e espanhol. Embora cada vez menos pessoas cresçam aprendendo occitano como língua materna, iniciativas como essa garantem que o idioma continue em uso.

Aliás, esse não é o único caso de uma língua sendo resgatada pouco antes de sua extinção — ou mesmo ressuscitada depois de sua “morte”. Que o diga o hebraico. Existem inúmeras organizações que se dedicam ao trabalho de revitalização de idiomas, como a Wikitongues e a Endangered Langauge Alliance.

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Maren Pauli

Maren Pauli nasceu e cresceu em Berlim, mas logo depois dos seus estudos decidiu fazer uma mudança radical: ir ao Japão. Ela percebeu rapidamente que o seu amor pelo País do Sol Nascente não seria passageiro. Sem sua câmera e caderninho na mão ela não sai de casa, e seu hobbies incluem andar de montanha-russa e se perder, já que ela tem um senso de direção extremamente precário até mesmo em sua cidade natal. Mas, assim é que se pode achar lugares interessantes e viver as melhores histórias.

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