Imagine se pudéssemos utilizar o tempo que passamos dormindo, que corresponde a praticamente 1/3 de nossas vidas, de forma mais eficiente? Em um mundo onde a demanda por produtividade nos suga até o último segundo possível do dia, utilizar o sono como ferramenta de aprendizado não é assunto novo. Então, é possível aprender dormindo?
A ideia sempre pairou na atmosfera da ciência, e atualmente temos muito mais evidências de como o sono pode afetar a nossa rotina diária. A promessa de fazer do sono algo mais do que um simples processo para revigorar uma mente cansada ainda é muito vaga, mas não impossível.
Em um estudo da Universidade de Northwestern, pesquisadores descobriram que a memória pode ser reativada durante o sono e seu sistema de armazenamento fortificado durante esse processo.
Isso significa que a memória pode ser fortalecida em relação a algo que já foi aprendido, reativando a informação adquirida recentemente. Ou seja, você pode não aprender algo do zero enquanto dorme, mas com certeza pode memorizar com mais eficiência o que acabou de aprender.
Neste estudo de Northwestern, um grupo de participantes aprendeu a tocar duas notas musicais geradas artificialmente. Enquanto os participantes tiravam uma soneca de 90 minutos, os pesquisadores os expuseram a uma das notas que estavam sendo praticadas.
Como resultado, os participantes cometeram menos erros ao reproduzir a nota ao qual foram expostos durante o sono do que a outra, à qual não tiveram nenhuma exposição. Uma das explicações para o fenômeno é que as notas foram apresentadas durante a fase NREM (non rapid eye movement – movimento não-rápido dos olhos) de sono profundo, que já foi relacionada previamente ao processo de consolidação de memórias.
Portanto, a ideia de aprender dormindo não é uma promessa completamente vazia. Em vez de aprender algo definitivamente novo durante o sono, aumentar a capacidade de retenção da memória com fatos anteriormente aprendidos é o que se mostrou possível com esse experimento.
Os pesquisadores ainda frisaram que o experimento poderia ser aplicado a diversos tipos de aprendizados além do musical, como o de idiomas.
Outro experimento também foi executado de forma semelhante na Suíça, por Bjorn Rasch, da Universidade de Zurique. Rasch comparou o resultado de dois grupos de alemães aprendendo holandês em testes de vocabulário. O pesquisador expôs um dos grupos a algumas palavras em holandês durante o sono no estágio NREM, enquanto o outro grupo teve contato com essas palavras apenas enquanto estavam acordados. O grupo que ouviu as palavras enquanto dormia teve resultados 10% melhores do que os outros que não tiveram nenhum contato com o vocabulário durante o sono.
Seria uma luz no fim do sono, quer dizer, túnel?
Ainda não chegou a hora de trocar os estudos pelo travesseiro, mas não custa tentar ouvir áudios da Babbel enquanto você dorme. Ah, e não se esqueça de fazer isso depois de revisar o vocabulário aprendido, afinal, por enquanto podemos apenas turbinar a nossa memória durante o sono.
Para quem quiser saber mais, alguns links interessantes nos quais esse artigo foi baseado:
http://super.abril.com.br/ciencia/sim-e-possivel-aprender-dormindo
http://cercor.oxfordjournals.org/content/early/2014/06/23/cercor.bhu139 (em inglês)
http://www.bbc.com/future/story/20140721-how-to-learn-while-you-sleep (em inglês)