A internet permite que o mundo inteiro fique conectado — por isso atualmente vemos hubs de inovação surgindo em todos os cantos. Mesmo assim, alguns países se mostram mais abertos para certos tipos de conhecimento. Por acaso, fiquei sabendo como isso funciona em uma ilha no outro lado do mundo: a Nova Zelândia.
Aviso: tudo o que escrevi aqui é uma visão geral que tive sobre empregos na Nova Zelândia, através das minhas experiências pessoais e da leitura de vários artigos e de forma alguma é a única verdade, mas sim uma boa ideia do que você provavelmente vai encontrar por lá.
Será que eu posso morar e aplicar para empregos na Nova Zelândia?
Os kiwis — nome dado aos neozelandeses — são um dos povos mais abertos que eu já tive o prazer de conhecer. O país é marcado por um pluralismo forte, você percebe só de olhar o estilo das pessoas em Wellington, a capital, que mais parece um desfile de moda internacional.
Se o seu inglês for bom (honestamente, até mediano), é relativamente fácil fazer amigos. No trabalho, a história não é diferente já que esse ambiente é marcado por muita cordialidade e respeito.
Porém, um cuidado deve ser tomado: se espera que as pessoas que visitam ou vão morar lá também tenham essa atitude cordial, ou seja, colocar as suas ideias com muita veemência, mesmo que não sejam polêmicas, pode ser interpretado como agressividade.
Empregos na Nova Zelândia que são usuais
Reza a lenda (embora eu não tenha experiência pessoal) que conseguir um trabalho em um café, restaurante ou loja não é tão complicado. Com um salário mínimo de 16,50 dólares neozelandeses por hora — mais ou menos equivalente a 40 reais — a maioria dos empregos paga bem, mesmo em relação a outros países economicamente mais estáveis.
O normal é ter o salário calculado por horas trabalhadas em vez de um valor mensal — claro, fazendo um cálculo simples você chega até o valor mensal, mas saiba que todos os valores dos serviços serão negociados por hora. No entanto, um emprego como esse dificilmente dará direito a um visto de trabalho. A Nova Zelândia controla a imigração com rigor e isso torna o processo de visto bem burocrático.
Muitas das minhas fontes de informação aconselharam a modalidade visto de trabalho temporário (até 1 ano), mas também parece ser um consenso que depois deste período, não existe nenhuma facilidade para conseguir um visto permanente. Preste atenção: as inscrições para esses vistos ficam abertas por pouquíssimo tempo, então é bom ter todos os documentos prontos!
As áreas que possuem maior demanda
Nem todas as áreas do mercado de trabalho são iguais. O governo neozelandês faz questão de dar preferência para o que precisa de demanda, e isso ajuda não só na hora de conseguir um bom emprego, mas especialmente na hora de aplicar para um visto (incluindo um visto permanente).
Um fenômeno mundial que cresce exponencialmente na Nova Zelândia é o de social enterprises (empresas sociais) que são negócios cujo foco principal é gerar impacto positivo para o mundo, e que têm o lucro como secundário.
Quando pensamos nesse tema no contexto brasileiro, imaginamos ONGs ambientais na Amazônia ou ONGs sociais nas favelas do Rio de Janeiro — mas esse mercado não pára por aí! Quando eu estive na Nova Zelândia, aluguei uma bicicleta de uma empresa cujo foco era a proteção ambiental da área portuária.
Inclusive o governo neozelandês foi o primeiro do mundo a criar um tipo de visto — chamado Global Impact Visa (visto de impacto global) — feito para quem deseja abrir e gerir negócios focados em impacto social/ambiental em escala mundial. Eles oferecem não apenas o visto, mas também um programa de inclusão na cultura e toda uma infraestrutura de trabalho apoiada pelos laços comerciais do governo.
O estilo de vida kiwi
Só lendo essas informações sobre o lado mais econômico, já dá pra ter uma noção de como são os kiwis — um dos povos mais tranquilos e felizes do mundo (na minha opinião!).
Quem é da Nova Zelândia, assim como quem é da Austrália (país vizinho, ali pertinho), tem uma atração forte pela natureza — trilhas, escaladas, passeios de caiaque e mergulhos noturnos são atividades frequentes e que o pessoal de lá adora.
Dá para perceber o impacto disso até mesmo na geografia da cidade: bem no meio da capital, Wellington, encontramos um morro apelidado Mount Vic, coberto por uma floresta linda e densa — tão linda que foi cenário de várias cenas na trilogia cinematográfica do Senhor dos Anéis.
Outro ponto de interesse da cultura local é a explosão de cervejarias artesanais nos últimos 15 anos, o que fez a cidade ter várias cervejas especiais! Minha preferida acabou sendo uma cerveja com o nome de um dos animais nacionais, a dinossáurica Tuatara!
Acomodação na Nova Zelândia
Isso pode soar estranho para quem vive no Brasil, mas a verdade é que a vida urbana e até mesmo as construções da cidade são afetadas diretamente por um fator geográfico: a Nova Zelândia é uma das regiões com mais terremotos do mundo!
Os prédios são bem menores que a média brasileira — não por um critério estético, mas por uma questão de segurança. Casas de madeira são bem mais comuns do que as de concreto, também pelo mesmo motivo.
Esse é um dos motivos de ser difícil encontrar um apartamento que não seja tão caro nas grandes cidades da Nova Zelândia: Auckland, Wellington e Christchurch. O país vive uma crise imobiliária que vem se agravando há uma década — muita gente precisa morar longe do trabalho justamente por não encontrar nenhuma opção, mesmo procurando há anos.
Se estiver pensando em mudar para lá, fique de olho desde já!
Uma ilha no outro lado do mundo
Aotearoa — nome da Nova Zelândia na língua do povo nativo, os Māori — é sem dúvidas um pequeno paraíso na terra, apesar de distante é conectado. Um país com ambições de atrair os melhores profissionais na área de impacto global, com uma natureza sem igual e uma cultura que vai de terremotos a softwares humanitários a dinossauros contemporâneos.
O país tem muitas oportunidades e abertura para o nosso jeito brasileiro de ser: social, tranquilo, feliz. Por mais que os terremotos sejam uma surpresa, é um lugar seguro e ótimo para se viver.
Quem sabe lá não vai ser o seu próximo destino?