Esta entrevista faz parte da série norte-americana da Revista da Babbel “6 Questions With” (6 Perguntas para), e nessa edição a entrevista é com Mignon Fogarty, criadora do podcast Grammar Girl, sobre gramática em inglês, iniciado no início dos anos 2000.
Comece falando do começo. Como você se tornou a Grammar Girl, e como começou sua paixão por inglês?
FOGARTY: Bom, eu sempre fui escritora. Desde pequena, minha mãe me levava para a biblioteca mais perto de casa para ter aulas de escrita, que eu amava. Eu tenho um diploma em Inglês, e eu trabalhei para o jornal do colégio e da faculdade. Mas então, eu tive um estranho desvio na minha carreira, e fui parar em um programa de doutorado em Biologia. Eu acabei desistindo do doutorado, ficando só com o diploma de mestrado e trabalhando como escritora e editora técnica. Tudo parece bem lógico a princípio: depois estudar Inglês e Biologia, me tornar uma escritora científica. Não foi muito bem planejado, mas deu certo, eu tive uma ótima carreira como editora e escritora de tecnologia no Vale do Silício.
Eu sempre amei tecnologia, e fiquei sabendo sobre esse formato legal de conteúdo chamado podcast e quis experimentar. Eu percebi que os meus clientes editores cometiam sempre os mesmos erros em seus trabalhos, então pensei: “eu poderia apresentar umas dicas rápidas de escrita toda semana”, mas isso foi apenas uma ideia. Eu lancei o podcast Grammar Girl, e após seis semanas, ele era o número dois no ranking do iTunes. A minha ideia simplesmente cresceu, o que foi maravilhoso para mim porque na época os podcasts de ciência e tecnologia eram os mais populares. Não existiam muitos podcasts sobre escrita naquela época, então eu acho que ser um dos primeiros ajudou. Vários(as) jornalistas amaram o fato de um podcast sobre escrita ser tão popular e publicaram muitas matérias sobre o Grammar Girl, e isso nunca mais parou. Em menos de 1 ano, eu fui convidada para o programa da Oprah para a especialista em gramática em inglês. Eu não tive nenhum apoio em termos de Relações Públicas, eu não procurava por jornalistas, eles(as) apenas entravam em contato comigo por meio do meu podcast.
Isso é incrível! E em relação à gramática, você se considera mais descritiva ou normativa?
FOGARTY: É engraçado – eu sinto que eu fico em cima do muro porque eu criei o Grammar Girl como uma editora, essencialmente falando de regras. E, trabalhando como editora, eu também estava procurando as regras todos os dias, porque ninguém lembra de tudo sempre. Muitas vezes eu estava apenas dividindo o que eu mesma estava procurando, o que é bem normativo, mas quanto mais eu produzia conteúdo para o Grammar Girl, lia mais sobre a história da língua, do uso de manuais e coisas do tipo, eu passei a me tornar mais descritiva. Quando você vê o que as pessoas consideravam errado há 100 ou 200 anos e como isso era ridículo, você vê como o idioma muda ao longo do tempo. Isso é empolgante e divertido, não é uma coisa ruim. Particularmente, eu tendo a ser descritiva, mas eu entendo que as pessoas com frequência me procuram para conselhos normativos, então eu ofereço esse tipo de apoio, mas tento também fornecer o contexto descritivo da dúvida.
Uma coisa importante para mim é como o Grammar Girl apresenta os assuntos, de forma divertida e legal, sem julgamento. E acho, especialmente quando comecei, que muitos conselhos sobre escrita tinham um tom arrogante ou que depreciava as pessoas de alguma forma, e eu estava lá apenas para ajudar. Eu quero ajudar as pessoas a aprenderem, então acho que aquilo realmente pegou. As pessoas se sentiam confortáveis em recomendar aos amigos porque o meu Grammar Girl era amigável.
E de um modo geral, por que você acha que a gramática é um componente tão importante de uma língua?
FOGARTY: Quando falamos sobre gramática, nós estamos falando sobre algo muito mais amplo. Nós estamos falando sobre pontuação e uso da língua, e todas as coisas que compõem o inglês padrão, que é a língua da formalidade, a língua dos negócios, a língua da educação. Eu acho que pode ser muito benéfico falar o que consideramos inglês padrão porque as pessoas podem julgar se você não o fizer. Dito isto, eu não acho que exista nada de ruim com os dialetos, seja as pessoas no Sul falando y’all ou as pessoas que falam inglês afro-americano deixando de lado o verbo to be. Esses são dialetos, são ricos, maravilhosos, nos dizem muito sobre cultura e nos mantêm juntos como uma comunidade. Portanto, eu não gostaria de depreciar todas essas formas ricas e maravilhosas de nos comunicar uns com os outros, mas eu acho que ter a habilidade de falar o inglês padrão, saber todas as regras e não cometer erros em ambientes como o da academia ou dos negócios é um grande diferencial.
Eu acho realmente interessante que as suas “Quick and Dirty Tips” [Dicas Rápidas e Rasteiras] são tanto para falantes nativos de inglês quanto para pessoas que falam inglês como segunda língua. Você poderia falar um pouco sobre esses dois públicos e como você atende a cada um deles?
FOGARTY: Às vezes, eu tenho dificuldades em atender a ambos. Um exemplo são as expressões idiomáticas em inglês. As pessoas que estão aprendendo inglês têm dificuldade, especialmente com essas expressões, já que elas não são lógicas. Mas eu também acho que pode ser fascinante para falantes nativos(as) saberem porque temos essas expressões tão interessantes. Por exemplo, eu vou lançar um episódio sobre expressões de esportes, e vamos falar, por exemplo, da expressão jump the gun (o equivalente em português ao “queimar a largada”) que é usada quando você começa algo antes da hora. Isso vem da pista de corrida, onde você tem a arma que dispara para dar a largada, e se você sai antes do tiro, você “pulou a arma”. Eu acho que falantes nativos podem achar isso interessante, mas para as pessoas aprendendo inglês, é essencial aprender essas expressões para que elas não se sintam perdidas ou confusas.
Outra coisa é que, as perguntas das pessoas que aprendem inglês são geralmente muito mais difíceis do que as perguntas dos(as) falantes nativos(as). Quem tem o inglês como língua materna tem dúvidas, como “quando eu uso affect ou effect?” ou “onde eu coloco a vírgula?” , enquanto as pessoas aprendendo inglês perguntam “porque dizemos ‘i’m in bed’ em vez de ‘on bed’?” ou “Porque posso dizer que ‘I’m at a restaurant’ e ‘in a restaurant’?”. Muitas vezes, não há uma resposta. É simplesmente do jeito que é, é idiomático. Suas perguntas são sempre tão difíceis, mas eu simpatizo com quem quer aprender inglês.
Você fala muito sobre aprendizado, no geral, e você tem autores convidados no seu site escrevendo sobre isso. Eu gostaria de saber, se existe qualquer tipo de conselho que você poderia dar em termos de aprender uma nova língua. Quais são as melhores práticas que você consegue pensar, ou formas de manter a motivação quando você está tentando atingir um objetivo?
FOGARTY: Eu acho que praticar o máximo possível é o mais importante, assim como praticar de diferentes formas. Com o app, por exemplo. Eu adoro usar o app da Babbel, e também acho bem útil tentar falar com alguém nativo e escrever no novo idioma. Eu preciso escrever eu mesma, com minhas próprias mãos, para aprender melhor, por isso eu acho bem útil. Quando o assunto é motivação, eu acho que existem diversas formas de mantê-la. Eu vou para a América do Sul em breve, e isso é uma grande motivação para continuar minhas lições de espanhol. E se você consegue conhecer algum(a) falante nativo(a) em sua comunidade e conversa com ele(a) toda semana, isso faz com que você queira progredir, isso faz com que você também continue aprendendo. Eu acho que criar uma série de recompensas e ter responsabilidade pode ajudar para qualquer tipo de aprendizado.
Em seu podcast e posts on-line, você falou sobre algumas diferenças entre o inglês americano e o inglês britânico que você notou na sua viagem para o Reino Unido. Você tem alguma diferença favorita ?
FOGARTY: Uma que me faz rir sempre que eu penso na Inglaterra é que eles falam traffic diversions. Quando uma rua está fechada eles têm diversion em vez de detour. Eu penso em diversion como algo que eles fariam em filmes, enquanto fazem um assalto.
Eu acho que é encantador como o idioma evoluiu de maneira diferente em países diferentes, e mesmo que nós falemos o mesmo idioma, existem muitas variações sutis. Eu sempre acho isso muito charmoso. Eu tenho um caderninho e sempre que eu via uma palavra diferente eu anotava essa palavra que não era como nós usaríamos. Uma delas é caravan em vez de RV para um veículo de passeio. Eu amo aprender palavras e outros idiomas, seja espanhol ou alemão, ou apenas uma variação do inglês.
Esperamos que essa entrevista tenha te dado fôlego e inspiração para continuar aprendendo Inglês, mesmo com todos os desafios gramaticais que a língua apresenta. Para te deixar um pouco mais confiante, compilamos abaixo uma lista de 6 passos práticos para aprender gramática em inglês, vamos a eles!
-
Simplesmente fale com as pessoas, pratique! Como já dizia a expressão em inglês “if you don’t use it, you lose it!”
Aprender uma nova língua só fará sentido se você puder implementá-la no seu dia-a-dia, de forma prática! Tentar aprender uma língua sem praticar, principalmente com falantes nativos da mesma, é muito difícil. Portanto, use qualquer oportunidade que você tiver de praticar. Fale com as pessoas, nem que seja pelo telefone. Você ficaria surpreso de como você pode aprender regras gramaticais e outras nuances da língua, apenas ouvindo como as pessoas ao seu redor aplicam as palavras, mesmo que você ainda não tenha aprendido a fundo.
-
Aprenda o máximo de palavras o possível: Use o seu tempo de estudo para expandir o seu vocabulário!
Que tal comprar um dicionário da língua que quer aprender? Essa é uma excelente maneira de descobrir palavras novas, e o seu significado. Use-as o máximo possivel, para acelerar o aprendizado. Fazendo isso, você estará condicionando o seu cérebro e, em pouquíssimo tempo você já vai estar aplicando essas novas palavras no seu dia-a-dia.
-
Não tenha medo de errar, e de pedir para lhe corrigirem caso você cometa um erro.
É muito comum que falantes nativos de uma língua não te informem quando você comete um erro, pois eles pensam que talvez seja inapropriado, que você possa se sentir ofendido. Se você disser que está tentando aprender com seus erros para melhorar a sua fluência, com certeza eles irão entender, e te corrigir, algo que será uma bela ajuda no seu aprendizado.
-
Assista a sua série favorita, ou aquele filme que você acha incrível, no idioma que você quer aprender
Às vezes pode parecer tentador assistir a um filme ou uma série dublada, pois naturalmente será muito mais confortável e fácil de entender, quando o conteúdo está na sua língua nativa. Saia dessa zona de conforto! A melhor maneira de aprender uma língua e suas regras gramaticais, é assistindo filmes, séries, programas de TV, ou qualquer outro conteúdo do seu interesse na língua que você está tentando aprender.
Apenas fique de olho por exemplo em qualquer programa que seja de comédia, ou algum outro gênero que abusa do uso informal da linguagem, pois isso poderia ser contra-produtivo.
-
Perceba padrões nas regras gramaticais; estas repetições estão por toda parte!
Ao ler uma frase, você frequentemente irá perceber alguns padrões que se repetem frequentemente numa língua. Tente identificá-los por memória, sem olhar suas anotações e listas de regras gramaticais. A recompensa virá quando você perceber o progresso que está alcançando com seu esforço!
-
Utilize um aplicativo para aprender mais rápido a língua desejada.
Aplicativos para aprender idiomas e suas regras gramaticais, e toda a tecnologia avançada disponível hoje nesse setor são ferramentas incríveis para acelerar o seu aprendizado de uma nova língua, de forma interessante, dinâmica e interativa. Estes apps podem te guiar no uso de regras de gramática passo-a-passo, de uma maneira que não fica chata, entediante. Use isso ao seu favor!
Quer uma sugestão incrível para começar a sua jornada em uma nova língua? Experimente o aplicativo da Babbel, e comece hoje mesmo a aprender um novo idioma. A primeira lição é por nossa conta!
Existe uma palavra que tem o dom de polemizar no ensino de idiomas: gra-má-ti-ca. Provavelmente assim que você a leu, o ponteiro da sua escala de amor e ódio pulou de um lado para o outro de modo desgovernado. A questão é, que em vários momentos do aprendizado de um idioma, as regrinhas de gramática estarão presentes na sua vida. Conhecê-las vai ajudar você a fazer escolhas e a entender vários aspectos da língua.