Aprendendo francês com Youtube: Edição Comédia

Joriam Philipe, especialista da rede, dá a dica: aprenda com o Youtube francês. Recomendações para afiar o seu francês e rir um tico.

Bonjour!

No exato dia em que voltei do meu intercâmbio, meu francês começou a morrer. Não tardei a chamar fourchette de “garfô”, abreviar todos os qu’est-ce que c’est pra qqc por medo de perder essas mil apóstrofes – enfin, um negócio triste. Eu precisava de alguma salvação. Mas como eu sou uma criatura das profundezas da internet, ao invés de procurar um bom Dumas pra ler ou ligar a TV5 – eu resolvi recorrer ao Youtube.

Youtube: Europa, Brasil e França

(Se você não se interessa pela geopolítica escalafobética do humor na internet, as recomendações estão logo depois desse bloco de texto #paz #semjulgamento)

Desde sua infância, o Youtube europeu (em inglês!) me conquistou. Com animações mucho lokas e explicações concisas, o conteúdo era eclético e vivo.

Já no Brasil, hummmmmmmm.

Antes de qualquer Nerdologia ou da revolução Porta dos Fundos, o Youtube tupiniquim era dominado por um gênero: a reclamação. Verdade, muitos outros canais se esforçaram para gerar conteúdo variados, mas sem muito recurso. Verdade também, talvez os nossos reclamadores fossem os melhores do mundo – mas não adiantava pra mim, esse formato nunca foi minha praia.

Quando eu resolvi botar o meu pé no rasinho das águas youtúbicas francófonas, tive uma má primeira impressão. Como no Brasil, as páginas francesas estavam dominadas por personalidades. Logo pensei “taí, bando de PC Siqueiras parisienses”.

Eu não podia estar mais errado.

Uma coisa que eu não podia prever é que a tradição da comédia francesa teria um impacto enorme sobre o tipo de comédia que acabaria conquistando esse pedaço (com cheiro de queijo) do mundo.

Sem mais delongas, minhas três melhores recomendações.

Norman Fait des Videos

Esquetes!

Reclamações? Sim! Mas também visões de futuros possíveis, liberdade para quebrar estereótipos, autocríticas.

A primeira geração que explodiu no Youtube francês é, na verdade, composta por um grupo de amigos de todos os cantos do país que se juntou para celebrar seu entusiasmo pela plataforma e – claro, contribuir. O humor é imaginativo, baseado na atuação e com um timing de muito bom gosto.

É interessante acompanhar a evolução dos criadores, da comédia e da indústria no decorrer dos anos – afinal, vários vídeos têm mais de 8 anos de existência.

No início, algumas piadas de mal gosto (principalmente em relação a mulheres, coisa feia). Mais para o meio, uma clara mudança na qualidade técnica dos vídeos. Nos dias de hoje, com uma carreira consolidada, esses youtubers estão com projetos ambiciosos e apoiam instituições de caridade. Um amadurecimento capturado pelas câmeras.

Eu estou citando aqui o Norman, mas nesse universo você tem várias opções.

Golden Moustache

Em algum momento místico na história do business de conteúdo on-line, alguns empreendedores iluminados perceberam que se eles tacassem alguns milhões em produtos criativos focados na web, vários milhões voltariam logo em seguida.

Por uma pequena janela de tempo, isso foi uma boa sacada – como a maioria do conteúdo de sucesso era executado por uma molecada sapeca de 20 e tantos anos; um outro nicho de mídia, com mais produção e efeitos de cinema, foi muito bem aceita. Hoje em dia, com os criadores web tendo que competir com as emissoras de TV colocando programas no Youtube, a coisa ficou um pouco mais difícil.

Mas por um breve momento, tivemos o privilégio de um boom de criatividade. Então, senhoras e senhores, eis o Porta da França:

Antoine Daniel & What The Cut

Antoine Daniel é um caso raro. Um garoto que na verdade queria ser músico – mas resolveu jogar fora algumas horas no Youtube para divertir os amigos dele. O equipamento não era ideal: uma webcam xoxa, um software de edição fraco.

Mas sabe quando a pessoa certa está no lugar certo?

Mesmo desfavorecido pelo algoritmo do youtube (que na época queria que você postasse um vídeo por dia), Antoine Daniel fez um sucesso assustador pela qualidade da edição dos seus vídeos. Ele não fazia parte de nenhum movimento, não tinha grandes contatos e apoiadores.

Ele era simplesmente bom. Muito bom.

E com vocês, minha última recomendação: a edição impecável de What The Cut.

Et en fait à la fin

Se esses vídeos ajudarem você a aprender ou (como no meu caso) a manter o seu francês afiado, por favor, deixe aqui um comentário recomendando outros canais ou pedindo outras energias.

Estamos testando esse formato de recomendações de Youtube e todos os temas são válidos: romance policial, psicologia, futebol, arte.

A gente pesquisa para você!

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