Apesar de Brasil e Portugal terem cerca de 235 milhões dos mais de 260 milhões de falantes nativos do português, esse idioma é a língua oficial de nove países (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, além de territórios como Macau, na China, e Goa, na Índia). O português também é o quarto idioma mais falado no mundo como língua materna – atrás do mandarim, inglês e espanhol -, segundo o Instituto Camões. E previsões das Nações Unidas colocam esse número em 400 milhões até 2050!
O português está presente na África, América do Sul, Ásia e Europa. Mas como tudo começou?
A evolução do idioma português: uma jornada através dos séculos
O idioma português faz parte da família das línguas românicas e tem a sua origem no latim, o idioma utilizado na Roma antiga, na região de Lácio (atualmente parte da Itália). Outras línguas dessa vertente são o francês, o italiano e o espanhol.
O latim chegou à Península Ibérica, onde hoje ficam Portugal e Espanha, quando o Império Romano se expandiu para a região por volta do século III a.C. Com a conquista militar dessa área, os povos locais foram submetidos ao idioma latim. Mas não o latim clássico, usado apenas pelas elites culturais e políticas do Império, e sim a sua versão “popular”, o latim vulgar, falado pelos soldados e outros representantes imperiais.
Essa variação do idioma clássico se distanciou da sua origem devido às influências culturais, sociais e linguísticas das áreas ocupadas pelos romanos e pela forma como os representantes imperiais a utilizavam em suas novas terras. Ou seja, a língua trazida pelos conquistadores já tinha espaço para evolução porque era um idioma apenas falado, somando-se a isso as diferentes origens dos soldados/representantes romanos e as populações locais com seus idiomas e dialetos regionais influenciaram o latim vulgar na Península Ibérica. A partir dessas variações, surgiram as línguas românicas, incluindo o português.
O latim vulgar era usado pela população, sem se preocupar muito com formas rígidas e estilos da língua, além de ter um vocabulário mais reduzido. O latim clássico, por outro lado, era muito mais sofisticado, complexo, e restrito à literatura e à alta sociedade do Império.
O termo românico surge do fato de que, com o tempo, ao invés de falar latim, esses locais acrescentaram tantas mudanças na língua que passaram a falar à “maneira românica”, ou romance. A partir dessas variações, surgiu o português, incorporando elementos celtas, gregos, hebreus e germânicos. A conquista da Península Ibérica a partir do ano 711 por forças muçulmanas também trouxe ao português moderno uma relevante influência do arábe.
No noroeste do que hoje é Portugal, em torno do rio Minho, surgiu o galego-português, que predominou entre os séculos VIII e XIII. Essa língua era também falada na região da Galícia, na Espanha. Foi dela que surgiu o português arcaico – influenciado pelo árabe e usado até a primeira metade do século XVI. Finalmente, nasceu o “ português moderno”, consolidado a partir da publicação da primeira gramática por Fernão de Oliveira em 1536, seguida por João de Barros em 1540. Essa vertente moderna é a que encontramos nos clássicos literários do poeta português Luís de Camões.
Qual foi a origem da língua portuguesa no Brasil?
Como já explicamos no artigo Quais são as línguas indígenas existentes no Brasil?, antes da chegada dos colonizadores portugueses ao Brasil em 1500, existiam por aqui por volta de 1200 línguas e dialetos indígenas, falados por uma população de cerca de 5 milhões de habitantes. Ou seja, havia uma variedade linguística imensa, que aos poucos foi sendo reprimida pelos colonizadores com a imposição do português como o idioma oficial no território brasileiro. Hoje, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), restam apenas 274 línguas indígenas (faladas por 305 diferentes etnias) no país.
Ainda assim, essas línguas locais deixaram uma marca significativa no português brasileiro. Por exemplo, do tupi surgiram palavras como jacaré, piranha, xará, cupim, paçoca, entre outras. O mesmo ocorreu com os idiomas dos milhões de escravos africanos trazidos para o país, cujas palavras e expressões também contribuíram para a identidade e variedade cultural-linguística do português brasileiro.
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