A preservação dos povos indígenas e outras mais de 160 línguas existentes no Brasil

Dá para imaginar que 6.912 idiomas são falados em todo o mundo? Este é um dado do Ethnologue, o maior inventário de línguas do planeta, que demonstra o quanto vivemos em um mundo diverso e com muitas culturas a serem descobertas e apoiadas. Imagina então pensar que, desse total, 160 faladas no Brasil segundo pesquisa de 2009 da SIL International?
Esta é a herança de povos indígenas no Brasil, que superam obstáculos fortes como a colonização e o preconceito da sociedade a fim de preservarem suas origens e culturas. De acordo com as pesquisas do professor doutor em linguísticas Wilmar da Rocha D’Angelis, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), um dos recursos para manter tais tradições vivas é o uso de línguas nativas, possibilitado entre membros das próprias tribos.
Segundo levantamento do site Povos Indígenas no Brasi do total de línguas indígenas no Brasil, as mais faladas são o tikuna (com 34 mil falantes), o guarani kaiowá (com 26,5 mil), o kaingang (22 mil), o xavante (13,3 mil) e o ianomâmi (12,7 mil). E nós vamos falar um pouco sobre cada uma dessas línguas que são símbolos de resistência e da história do Brasil.
– Guarani kaiowá:
Famílias indígenas falantes de Guarani podem ser encontradas no Brasil no Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Mas a língua já foi, basicamente, onipresente no país. Antes da chegada dos portugueses colonizadores, o Guarani era a língua mais falada por aqui.
– Kaingang
Da mesma família de línguas da Xavante, a Kaingang tem cinco dialetos: de São Paulo (SP), entre os rios Tietê e Paranapanema; do Paraná (PR), entre os rios Paranapanema e Iguaçu; Dialeto Central, entre os rios Iguaçu e Uruguai, Estado de Santa Catarina; Dialeto Sudoeste (SO), ao sul do rio Uruguai e a oeste do rio Passo Fundo, Estado do Rio Grande do Sul; e o Dialeto Sudeste (SE), ao sul do rio Uruguai e leste do rio Passo Fundo.
– Xavante:
“Xavante” é mais uma formalidade antropológica já que, entre seu próprio povo, estes indígenas se chamam de A´uwe (gente). Já a língua xavante, pertencente à família linguística Jê, do tronco Macro-Jê, se mantém denominada dessa maneira.
– Ticuna:
As comunidades Ticuna se distribuem entre Brasil, Peru e Colômbia, tornando até difícil registrar o número de falantes. Mas, estima-se que 30.000 pessoas estejam espalhadas por esses países. No lado brasileiro, são mais de 100 aldeias, principalmente no estado do Amazonas. Um fator que mostra a força da língua Ticuna é a convivência das tribos brasileiras com a urbanização, por vezes próximas de suas moradas. Em alguns pontos, é até vantajoso para moradores não indígenas aprenderem Ticuna, facilitando a conviência.
– Ianomâmis:
Dentre os Ianomâmis, ainda há diversos outros grupos linguísticos. Todos falam ianomâmi, mas com diferentes dialetos de acordo com contextos culturais e históricos. Ianomâmi vem de yanõmami thëpë, que significa ser humano.