Os pseudônimos de escritores famosos

De Italo Svevo a Elena Ferrante, confira a história de dez escritores com nomes inventados.
Os pseudônimos de escritores famosos

Sempre que eu descubro a história por trás de um nome, começo a imaginar qual seria o meu pseudônimo se eu tivesse de ocultar a minha identidade e usar um nome falso. Você já pensou em fazer o mesmo? Um pseudônimo é um nome fictício que um escritor ou uma escritora usa para publicar suas obras. Por exemplo, você já ouviu falar de Richard Bachman? Talvez você o conheça como Stephen King. E Robert Galbraith? Esse foi o pseudônimo usado por ninguém mais que a arquiteta do mundo dos magos: J.K. Rowling. J.K. Rowling é, na verdade, a abreviação do nome da autora, Joan Kathleen Rowling, usado para não revelar seu gênero. Há alguns exemplos de pseudônimos que escritores famosos usaram para esconder sua verdadeira identidade, seja lá por que motivo.

Um pseudônimo pode servir como um escudo que permite que escritores se expressem sem receios, se protejam contra preconceitos e possam escrever livremente no gênero literário que quiserem. Fizemos uma lista com alguns escritores que usam pseudônimos bem interessantes e a razão dessa “tática editorial”.

Os pseudônimos de escritores famosos – você sabe quem se esconde atrás de George Orwell ou Lewis Carroll?

Ana Paula Arendt

Ana Paula Arendt, o pseudônimo de R.P. Alencar, é uma poeta e diplomata brasileira. O pseudônimo é uma homenagem à Hanna Arendt e ao Pablo Neruda, seus autores preferidos, e ela tem publicado poesia desde 2012. 

Ela é autora de livros infantis, uma peça de teatro, romancista e poeta. Entre seus trabalhos mais reconhecidos, está O Constituinte, que recebeu uma menção honrosa da União Brasileira de Escritores no Rio de Janeiro e foi publicado pela Editora Só Livro Bom.

Ayn Rand

Ayn Rand é o pseudônimo de Alissa Zinovievna Rosenbaum. Rand adotou o pseudônimo em 1926 ao imigrar para os Estados Unidos, vinda da Rússia. “Ayn” foi inspirado por um escritor finlandês (cujo nome ela recusou revelar) e o sobrenome “Rand” é uma abreviação de Rosenbaum. 

Para milhões de leitores, adentrar o mundo objetivista de Rand é uma experiência inesquecível. Rand buscou tornar realidade sua visão exaltada do homem e da vida em seus romances. Ela é mais conhecida por dois best-sellers, A Nascente (1943) e A Revolta de Atlas (1957) e por desenvolver a filosofia do objetivismo.

bell hooks

Acadêmica, escritora e ativista de muitos méritos, bell hooks é o pseudônimo de Gloria Jean Watkins. Ela foi uma acadêmica americana reconhecida mundialmente por seu trabalho que examina as relações entre raça, gênero e classe. Ela trata de questões pertinentes às mulheres e escritoras pretas e ao desenvolvimento de identidades feministas.

Aos 19 anos, bell hooks começou a escrever seu primeiro livro, E eu não sou uma mulher?: Mulheres Negras e Feminismo, publicado em 1981. O pseudônimo bell hooks é, na realidade, o nome da bisavô dela. A escrita em letras minúsculas é proposital. O motivo é para que atenção seja dada à mensagem: honrar o legado feminino, não ela mesma.

Os pseudônimos de escritores famosos
Os pseudônimos de escritores famosos: George Orwell

George Orwell

Quando Eric Arthur Blair estava se preparando para publicar seu primeiro livro Na pior em Paris e Londres (1933), ele decidiu usar um pseudônimo para evitar que sua família fosse humilhada por seu relato sobre viver em condições de pobreza.

Ele escolheu o nome George Orwell para refletir seu amor pela tradição e pelo campo inglês. São Jorge, Saint George em inglês, é o padroeiro da Inglaterra, e o rio Orwell era um dos destinos favoritos de Eric para velejar.

Joseph Conrad

Às vezes, o pseudônimo de um escritor famoso pode causar polêmica. Foi isso que aconteceu com Józef Teodor Konrad Korzeniowski. Quando o romancista polonês começou a publicar seus escritos no final do século XIX, ele usou uma forma abreviada e anglicizada do seu nome: Joseph Conrad.

Os intelectuais poloneses ficaram indignados, pois acreditavam que isso demonstrava uma falta de respeito pelo país. Pouco importou que Conrad fosse também cidadão britânico e publicasse em inglês. Ele explicou: “É de conhecimento geral que eu sou polonês e que Józef e Konrad são meus dois nomes cristãos, este último utilizado como sobrenome para que as línguas estrangeiras não tropecem no meu verdadeiro sobrenome… Não acho que estou sendo desleal com meu país, tendo mostrado aos ingleses que um homem ucraniano [Korzeniowski era etnicamente polonês, nascido em um território controlado pela Ucrânia por um tempo e depois pelo império russo] pode ser um marinheiro tão bom quanto eles e tem algo a dizer no idioma deles.”

Lewis Carroll

Se Lewis Carroll já soa extremamente britânico, Charles Lutwidge Dodgson soa ainda mais. Dodgson adotou o pseudônimo em 1856. De acordo com a Sociedade Lewis Carroll da América do Norte, o escritor era tão modesto que queria manter sua vida pessoal privada, por isso ele decidiu usar um pseudônimo. Quando cartas endereçadas a Lewis Carroll chegavam ao escritório de Dodgson em Oxford, ele se recusava a abri-las para manter a história.

Dodgson inventou o pseudônimo latinizando Charles Lutwidge para Carolus Ludovicus, depois anglicizando um pouco para Carroll Lewis, até mudar a ordem para Lewis Carroll. O editor dele selecionou o pseudônimo de uma lista com diferentes nomes possíveis.

Pablo Neruda

O poeta, diplomata e político chileno Pablo Neruda é considerado uma das figuras mais importantes da literatura latino-americano do século XX. Nascido como Ricardo Eliecer Neftalí Reyes Basoalto, seu amor pela literatura foi despertado desde cedo, mas o pai nunca aprovou esse caminho.

Quando Basoalto começou a publicar seus poemas, ele precisava de um nome diferente para que seu pai não descobrisse. É por isso que ele escolheu o nome Pablo Neruda, em homenagem ao poeta tcheco Jan Neruda. Mais tarde, Pablo Neruda viria a adotar o pseudônimo como seu nome legal.

Tristin Tzara

Nascido Samuel Rosenstock, Tristan Tzara veio de uma família judia da Romênia. Seus princípios antiburgueses entravam em conflito com os valores da família, o que levou o pai dele a deserdá-lo. Mais tarde, Tzara escreveria: “Eu estava morto para ele”.

Para simbolizar essa ruptura com o passado, o escritor decidiu mudar de nome. Há muitas teorias sobre a razão de ele ter escolhido esse pseudônimo. Em hebreu, Ttzara’at significa “exilado pela comunidade”. Em romeno, significa “triste no campo”. Alguns o chamavam de Tzara Thoustra em homenagem à obra de Nietzsche Assim Falou Zaratustra.

Italo Svevo

O pseudônimo de Ettore Schmitz revela sua dupla identidade cultural: Italiana (Italo) e alemã (Svevo). De origem judaica, Ettore Schmitz nasceu em Trieste durante o império austro-húngaro, em uma época em que uma cultura bastante rica e sofisticada estava se desenvolvendo.

Após publicar dois romances sem sucesso, Svevo desistiu das aspirações literárias e foi trabalhar na empresa de tintas do sogro. Ele viajava para o exterior com frequência para o trabalho. Nas viagens, ele precisava falar inglês avançado. Por isso, ele fez aulas com James Joyce, que passou uma temporada em Trieste. O próprio Joyce lançou a obra A consciência de Zeno de Svevo na França, onde o escritor de Trieste se tornou famoso.

Elena Ferrante

Por último, mas não menos importante, finalizamos a lista com um nome envolto em mistérios: Elena Ferrante. Muitos afirmam se tratar de um pseudônimo, mas a autora nunca confirmou isso.

Sua identidade tem sido objeto de intensa especulação. Uma investigação foi conduzida pelo romancista e crítico literário Marco Santagata, que sustenta que Elena Ferrante é a historiadora Marcella Marmo, professora na Universidade de Nápoles Federico II. Outros acreditam que é Marcello Frixione. Também há quem acredite que a escritora seja Anita Raja, ensaísta napolitana e esposa de Domenico Starnone, enquanto outros sugerem que seja Goffredo Fofi, Sandro Ferri ou Sandra Ozzola. Algumas pessoas acham que Elena Ferrante possa ser, na verdade, o próprio Starnone.

Em La Frantumaglia, a autora declarou valorizar sua privacidade e explicou seu desejo por autopreservação. Ela afirmou que seus livros não precisam de uma foto dela na capa, e ela não precisa aparecer nos conteúdos de marketing. Por que não? Segundo Ferrante, suas obras são “entidades autossuficientes” e a presença dela não adicionaria nada relevante.


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