Quais os idiomas falados no Brasil? Uma breve introdução

O Brasil é um caldeirão cultural, e a sua diversidade se extende às línguas também. Apresentamos aqui uma breve introdução dos idiomas mais falados​ no Brasil.

O Brasil é responsável não só por um vasto território da América do Sul, como também por uma grande porção da variedade linguística do continente: sim, o português é apenas um dos idiomas falados no Brasil!

Apesar de o espanhol ser o idioma principal na maioria dos nossos países vizinhos, ele não é um dos idiomas mais falados no Brasil e ainda coexiste com o japonês, o holandês, o dialeto romani vlax e outras 274 línguas indígenas faladas por 305 etnias, de acordo com o censo de 2010.

Com tanta riqueza e cultura, não é de se espantar que São Paulo, por exemplo, a cidade com o maior número de falantes de português no mundo, também é a casa de falantes de árabe, italiano, chinês, hebreu, entre outros idiomas.

A língua oficial: o português

De acordo com dados históricos, a língua portuguesa foi um dos primeiros idiomas falados no Brasil. Este idioma tocou pela primeira vez o solo brasileiro quando Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil em 1500.
O resto, como dizem, é história. Quando Cabral chegou, existiam de 6 a 10 milhões ameríndios vivendo no que chamamos de Brasil hoje, falando 1300 línguas diferentes. Na atualidade, a estimativa é de que apenas 170 000 falem 181 línguas. Apesar de os jesuítas missionários terem estudado as línguas Tupi das tribos costais, sua principal motivação era exercer maior influência e controle sob os indígenas. Essa dinâmica continuou até a proibição das línguas indígenas pelo Marquês de Pombal em 1775.

O português brasileiro se difere do europeu graças aos traços remanescentes dos idiomas africanos e ameríndios. Existem mais de 205 milhões de falantes de português no Brasil, comparados aos 10 milhões em Portugal.

Para colocar tudo em perspectiva, existem aproximadamente 207 milhões de pessoas morando no Brasil hoje, o que significa que 99% da população fala português.

De qualquer forma, o português é o idioma oficial do Brasil, a língua que o governo usa para se comunicar e o idioma em jornais e escolas. Porém, apesar de a mídia ainda não retratar devidamente, o Brasil tem inúmeros sotaques regionais, e em algumas regiões existem até dialetos.

Curiosidade: por lei, a língua brasileiras de sinais – Libras – deve ser sempre oferecida em serviços públicos.

E os falantes de espanhol?

Apesar de o espanhol prevalecer como idioma oficial em quase todos os países da América Latina, de acordo com o site Ethnologue, existem apenas 460.000 falantes de espanhol no Brasil.

Durante a grande onda de imigração da Espanha para o Brasil entre 1880 e 1930, muitos imigrantes vieram da Galiza, onde o idioma é mais semelhante ao português. Além disso, eles foram bem integrados à cultura brasileira.

Uma questão de longa data é que o Brasil quer ser reconhecido distintamente de outros países da América Latina, o que poderia explicar por que não houve uma maior troca entre os dois idiomas até recentemente. Agora, porém, o espanhol está se popularizando no Brasil como segunda ou terceira língua. Nas regiões do Brasil que fazem fronteira com os vizinhos hispânicos, pode-se encontrar um idioma pidgin (uma língua de contato): o famoso portunhol.

Brasil

Enclaves de falantes de idiomas indígenas no Brasil. Via Instituto Socioambiental.

Enclaves imigrantes

Só porque 99% da população brasileira fala português não significa que outras línguas não sejam faladas no país.

Os idiomas dos imigrantes incluem japonês, coreano, árabe levantino, turoyo, romani vlax e muitas línguas europeias, como alemão, italiano, polonês, holandês, catalão e ucraniano.

De acordo com este artigo, dos idiomas de imigrantes, o alemão e o italiano são os mais falados já que os imigrantes desses países estão concentrados no sul e sudeste do Brasil. Eles têm inclusive seus próprios dialetos, conhecidos como alemão brasileiro, falado por 3 milhões de pessoas, e o veneziano brasileiro (ou talian), falado por 1 milhão de pessoas.

O alemão, na verdade, tem uma influência especial no Brasil, já que é o segundo idioma mais falado no país, embora a comunidade alemã seja menor do que a espanhola e italiana. Alguns municípios brasileiros reconhecem certos idiomas como co-oficiais, entre eles os mais comuns são os dois dialetos alemães: o pomerano ou o hunsrückisch.

A comunidade japonesa também é significativa. O Brasil é lar da maior comunidade de descendentes de japoneses fora do Japão, com um número grande concentrado no estado de São Paulo. Ainda para mencionar outras comunidades asiáticas, existem muitos coreanos e chineses vivendo no Paraná, Mato Grosso do Sul e Amazonas, embora eles também estejam presentes em São Paulo.

A presença dos idiomas indígenas

De acordo com o censo de 2010, 37.4% das pessoas indígenas acima de 5 anos falam uma língua indígena em casa. Entre os que moram em terras indígenas, essa porcentagem sobe para 57.3%.
O censo de 2010 contou 274 idiomas indígenas e 305 etnias diferentes, ultrapassando a estimativa inicial. É interessante observar que os coletadores do censo foram além: superaram barreiras e coletaram as informações dos habitantes mais remotos do Brasil, viajando de moto, burro, canoa e avião para chegar a minas, favelas, prisões, reservas indígenas e comunidades quilombolas.

O relatório do World Atlas afirma que 536 000 pessoas se identificaram como indígenas no Brasil, assim como existem 67 tribos sem contato com estrangeiros – o maior número no mundo.

No Brasil, a maioria das línguas indígenas pertence aos troncos linguísticos Tupi e Macro-Jê. Apesar de existirem muitos idiomas ameríndios, como Guarani, Apalaí, Piraha, Terena, Kaingang, Arará, Canela, Carib, Buroro, Tucano, Tupiniquim, Carajá e Nadeb, o Nheengatu é uma das línguas indígenas mais faladas, com aproximadamente 19 000 falantes nativos concentrados na região do Rio Negro.
O censo contou 35 000 falantes de Tikuna, assim como 26 500 de Guarani-Kaiowá, 22 000 de Kaingang, 13 300 de Xavante e mais 12 700 falantes de Yanomami. Como podemos ver, uma grande parte das línguas indígenas do Brasil corre risco de extinção, sendo que um terço delas pode não sobreviver até 2030.

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