O inverno pode criar cenários de conto de fadas, mas as temperaturas negativas e céu cinzento também podem dificultar qualquer tentativa de deixar a cama — do momento em que as festas de Ano Novo terminam até os pássaros voltarem a cantar no meio de março. Se você já sofre com os meses de inverno onde mora, imagine como seria passar um inverno inteiro em um país da Escandinávia. É por isso que queremos aquecer você com nossas cinco dicas escandinavas sobre como sobreviver aos invernos mais rigorosos.
Por exemplo, imagine que você está andando pelo centro de Trondheim (a terceira maior cidade da Noruega) esta tarde: é bem provável que já estaria escuro e que você teria de ter cuidado para que uma estalactite de gelo não lhe atingisse. Socorro!
Apesar das condições brutais, os escandinavos sobrevivem a invernos intensos ano após ano. E julgando pelas pesquisas que citam os dinamarqueses como as pessoas mais felizes do mundo, eles não só sobrevivem como também parecem aproveitar ao máximo seu gélido pedaço de mundo.
Mas como os escandinavos mantêm o livlust (sueco para “alegria de viver”) durante essa época tão despida de luz? E o que podemos aprender com eles?
Prepare-se para o inverno e venha descobrir algumas dicas de quem é especialista no assunto. Aqui trazemos cinco dicas imperdíveis da Escandinávia para sobreviver ao inverno.
Cinco dicas escandinavas imperdíveis para sobreviver ao inverno
1. Siga o ditado sueco “Det finns inget dåligt väder, bara dåliga kläder”.
“Não existe tempo ruim, somente roupas ruins.” Talvez você ache o lovikkavantar (luvas tradicionais tricotadas) muito cafona e revire os olhos quando uma vovó escandinava insiste que você use esse adereço das antigas. Mas a sabedoria das avós não falha. Com uma dose de otimismo, duas camadas de ceroulas, uma parca pesada e um gorro bem quentinho cobrindo as orelhas, não há tempestade de neve que lhe impeça de curtir o dia. Então, amarre os patins de gelo, abra a porta e deslize para o lago congelado mais próximo (ou ringue de patinação no gelo)!
2. Relaxe no estilo dinamarquês do hygge
Podemos até tentar, mas hygge é uma dessas palavras que não se deixam traduzir facilmente. Uma tradução aproximada pode ser “aconchego” ou “conforto”, porém o hygge é bem mais do acender a lareira, embrulhar-se em uma manta de tricô no sofá ou tomar um banho aromaterapêutico. Hygge é aquele sentimento quentinho e afetuoso que você sente quando gosta de alguma coisa.
O hygge tradicional dinamarquês pode ser um jantar íntimo com amigos ou desfrutar um gløgg (vinho quente) nos Jardins de Tivoli em Copenhague, mas com o espírito certo, você pode encontrar uma sensação hygge nos Iugares mais inesperados. Ir a um show lotado da sua banda favorita de heavy metal pode ser hygge? E observar gotas d’água escorrerem pela janela de um ônibus? Bem, essas coisas lhe trazem um sentimento de conforto e acolhimento? Se sim, você está tendo uma experiência indubitavelmente hygge.
3. Esqueça as baladas — curta um fredagskos norueguês
As avós escandinavas têm mesmo razão quando dizem que é importante se vestir de forma adequada, mas dizer que não há tempo ruim talvez seja um pouco demais. Por exemplo: sair para a balada quando grãos de gelo estão se espatifando na calçada e ficar com os lábios roxos por causa do vento frio soam mais como um castigo do que como uma aventura emocionante. É por isso que nossa sugestão é abandonar qualquer expectativa de manter uma vida noturna agitada e, em vez disso, aprender com os noruegueses a curtir um fredagskos (uma sexta-feira aconchegante). Trata-se da versão norueguesa do hygge, que essencialmente consiste no seguinte ritual de sexta-feira: saborear um jantar gostoso e se retirar para o sofá, assistindo à televisão e comendo batatinhas e guloseimas até cair no sono. Ou seja: alegria pura e simples.
4. Esquente-se com uma xícara de café, ou duas, ou três…
Embora os escandinavos tenham a reputação de ser bem certinhos, com uma forte ética de trabalho protestante, a verdade é que eles estão sempre fazendo uma pausa para o café.
Finlândia, Suécia, Dinamarca e Noruega estão entre os países com o maior consumo de café per capita do mundo. Aquele papo com os colegas ao lado da máquina de café é parte integral do dia de trabalho. Acabou de chegar ao trabalho e ainda está escuro lá fora? O momento perfeito para uma xícara de café. Torbjørn, seu colega de trabalho, abriu a janela e agora você está congelando? Aproveite a deixa e vá buscar mais um cafezinho. Foi dormir tarde depois de maratonar Wallander e agora precisa de uma ajuda para manter os olhos abertos? Com certeza, está na hora da terceira xícara de café.
Mas ainda não contamos a melhor parte do cafezinho na Escandinávia: geralmente, ele vem acompanhado de alguma delícia doce, como kanelbullar (cinnamon rolls) e kladdkaka (um bolo de chocolate denso). O idioma sueco tem até uma palavra para descrever a aconchegante cerimônia de beber café, comer um bolo gostoso e jogar conversa fora com um amigo: fika. Sem dúvida, uma tradição que vale a pena respeitar.
5. Saunas são indispensáveis
Atenção: se você seguir as dicas três e quatro, é possível que, em algum momento, decida que está na hora de ir à academia. Então, recomendamos frequentar uma que ofereça uma amenidade tipicamente nórdica — uma sauna.
Na Finlândia, muitos edifícios residenciais vêm equipados com uma sauna comunitária, enquanto suecos, noruegueses e dinamarqueses geralmente precisam ir à piscina ou academia para usar uma. Assim, a sauna é vista como uma recompensa merecida após o treinamento físico. Mas uma sauna não é apenas um quarto pequeno de madeira tomado por ar quente, ideal para relaxar cada músculo do corpo — ela é também um lugar onde você pode se descontrair com amigos e falar sobre tudo que está acontecendo na sua vida até se sentir pronto para abrir a porta e adentrar novamente o mundo gelado lá fora.
Respire fundo. Agasalhe-se bem com essas dicas e você certamente sobreviverá ao inverno — e, talvez, até curta bastante os dias mais frios do ano.
As cinco dicas escandinavas sobre o inverno não são a única curiosidade que você encontrará em nossa Revista. Dê uma olhadinha nos seguintes textos: