Graças ao francês, me reconectei com a minha língua nativa, o português

Ao aprender francês, você também revisa o seu português. Afinal, os dois idiomas têm a mesma origem. Veja como a língua francesa ajuda você a melhorar seu português.

Ele é conhecido como o idioma do biquinho, do “r” que vem da garganta, do croissant, do abajur e da diplomacia. O francês carrega um brilho próprio que, para muita gente, o torna irresistível. Estudando suas particularidades, tive a certeza de que estava diante de um idioma belo e cheio de charme. Mas os estudos e, principalmente, a prática me trouxeram também algumas reflexões inesperadas: graças ao francês pude me reconectar com a minha língua nativa, o português, e ver que ela também carrega uma beleza cativante e cheia de singularidades.

No começo do curso, com dificuldade para lidar com alguns pontos da gramática francesa, me imaginei de volta às aulas de português, quando tínhamos que desmembrar frases e identificar a função de cada palavra ou expressão. Benditos momentos em que prestava atenção na professora de gramática! Refrescar a memória me ajudou bastante a entender a estrutura do francês, já que esse idioma possui diversas similaridades com o nosso. Afinal de contas, ambos são de origem latina.

Ao me reaproximar do português formal, aquele em que dizemos “ofereci-lhe uma taça de vinho”, “conheci uma moça cujo pai é ator de cinema” ou “o filme do qual te falei outro dia”, passei a entender melhor o uso de certos componentes da língua francesa. Foi esse português de cartilha que me fez perder o medo de usar pronomes como y e en, que, nas primeiras leituras, me pareciam letras colocadas aleatoriamente nas frases.

Talvez o mais interessante dessa minha reconexão com a língua portuguesa tenha sido o despertar de um certo sentimento de orgulho — diria até de um nacionalismo (bobo, é claro!). Conforme eu ia construindo meu vocabulário em francês e tentando me comunicar no novo idioma, percebi que nem sempre é possível encontrar correspondentes de certas palavras do português. É óbvio que, se invertermos a situação, também vamos deparar com muitas palavras francesas que ficam sem tradução direta no português. E é aqui que entra a parte do nacionalismo, em que encho a boca para falar em alto e bom som para o meu interlocutor (o namorado francês, em 99% dos casos): “Em português, temos uma palavra bastante precisa para esse caso”.

Outro dia, após ver um anúncio, ele me perguntou o significado de “sigilo”. Expliquei, em francês, dando exemplos de situações em que usaríamos essa palavra: sigilo bancário, sigilo profissional, contrato sigiloso etc. Rapidamente, ele a associou com secret, em francês. Pera lá, em português nós temos as palavras “segredo” e “sigilo”, que são usadas em ocasiões diferentes! Foi aí que me bateu o tal do orgulhinho bobo, mesmo que tenha sido por causa de uma palavra que eu nunca uso.

Hoje em dia, é meu namorado que está aprendendo português — e as dificuldades dele com certos fonemas do nosso idioma são evidentes. O som levemente anasalado de “pão”, “mão” e “são” é páreo-duro para o truque da língua em palavras como “ilha”, “minha” e “companhia”. Esses fonemas, que sempre foram naturais para mim, também me mostraram o quão rica é a minha língua nativa.

E esse acaba sendo o grande barato de estudar línguas estrangeiras: além de aprender particularidades de outros países, passei a apreciar a beleza do meu próprio idioma. Em outras palavras: a nossa grama pode ser tão verde quanto a do vizinho!

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